Olho para baixo e meus pés tocam as folhas. Olho para cima e meus olhos contemplam o céu.
Onde estão vocês, mamãe e papai, que se foram, mas deixaram esse vazio da saudade? O seu delicado pó que deixaram na Terra teria sido absorvido pelas árvores dessas folhas douradas que um dia serão consumidas por homens e animais? Ou teriam essas moléculas queridas sobrevoado o céu e alcançado os rios e mares que alimentarão os peixes, e que novamente chegarão aos homens e animais? Os átomos da morte alimentam a vida, e assim se fecha um ciclo, o ciclo da vida, que assegura a nossa continuidade na Terra. Em mim, vocês ainda vivem. Seus átomos vivem em meu sangue, em meus genes, que me farão continuar seu legado. E vivem também em minha memória. É na memória que surge a presença dos ausentes. Um vazio só pode ser preenchido com lembranças. Lembranças boas de um passado que não volta mais é a maior prova de que o passado valeu a pena. A essas lembranças chamamos saudade.
Perpetuando a Lembrança
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