Uma Arte que Engana

004_Portrait_cAparecer de biquini na Internet, só assim. 🙂

————————–
Eu aprecio muito a criatividade e beleza da técnica artística que busca o realismo de tal forma a quase enganar a visão. A propósito, esse é o nome dessa arte: Trompe-l’oeil, uma técnica artística que, com truques de perspectiva, cria uma ilusão ótica que faz com que formas de duas dimensões aparentem possuir três dimensões. Provém de uma expressão em língua francesa que significa “engana o olho” e é usada principalmente em pintura ou arquitetura, como já vimos muitas por aí, não só em tecidos imitando roupas, como essa, mas principalmente em quadros, paredes, ruas, murais.

001_Portraittromp02

A Beleza Vegetal com uma Missão

007Uma particularidade interessante dessa vinícola, é que, no início e no final de cada fileira são plantadas roseiras. Mas elas não estão ali para embelezar o local – embora embeleze e muito! O objetivo é atrair para si as pragas, já que nas parreiras não se coloca agrotóxicos, mas coloca-se nas rosas. Uma rosa doente não apenas cumpre sua função principal, mas também comunica ao agricultor uma invasão de intrusos.
É a beleza da Natureza vegetal sendo usada como isca para atrair e destruir o mal.
No reino animal, inclusive o humano, também não é diferente. É de nossa natureza nos mostrarmos bem apessoados à sociedade, alguns com boas intenções, outros não, esperando atrair pessoas. Portanto, “pragas” coexistem na Sociedade humana: tanto as “rosas venenosas” que atraem, como os “insetos bem intencionados” que são atraídos por elas. E, claro, o contrário, rosas ingênuas e insetos maus.
É preciso ter cuidado e discernimento na relação pessoal. Física ou Virtual.
——————————————————

Local: Vinícola Francioni, São Joaquim – SC
Nota: O uso de elementos da Natureza na proteção do plantio, neste caso, as rosas, nos remete às questões de auto-sustentabilidade. E também, coloca em dúvidas como o cultivo e produção do vinho em outras vinícolas no mundo são feitas, caso não haja essa preocupação com o uso de agrotóxicos. Estaríamos ingerindo vinhos envenenados por agrotóxicos?

Objetivo da Arte e da Educação

012Certa vez, há mais de 2500 anos, Aristóteles disse aos seus discípulos:
“O objetivo da Arte e da Educação é substituir a Natureza e completar aquilo que ela apenas começou”.
A Natureza é um grande campo aberto no Universo, infinitamente repleta de fenômenos naturais e fenômenos humanos ainda ocultos, à espera de humanos que os desvendem. Isso só é possível com Educação e Talento. Na Educação, cria-se formas lógicas de se pensar e métodos adequados para se analisar e corfirmar na prática aquele pensamento, o que chamamos de Filosofia e Ciências (Ciências, Humanas, Exatas, Biológicas, etc). Na Arte, ilustra-se aqueles fenômenos estudados, e tudo o mais o que visualiza concreta ou abstratamente o artista, facilitando – e ampliando a compreensão da Natureza. Nós, humanos da civilização Ocidental atual, que evoluiu graças à substituição do pensamento mitológico dos deuses gregos para o pensamento lógico dos pensadores gregos, como Aristóteles, temos o dever de continuar a desvendar a Natureza, usufruindo dos benefícios dessa compreensão trazida pelos pensadores gregos antigos e preparando um lugar melhor para nós mesmos. E também para os descendentes dos próximos milênios, assim como fizeram com nós.

————–
Local: Fórum de Atenas, Grécia.
Por: Silvia Helena Cardoso

Ser Inteligente e Aumentar a Inteligência

Featured

DSCN3405Águas: Correm, caem, mas não podem nunca mais voltarem.
Homens: Caminham, caem, mas podem sempre se levantarem.
A água é fluída e não pode ser deformar.
O Homem é sólido e pode se transformar.

Ao olhar para a imagem e escrever essas palavras, me veio à mente dois tipos de Inteligência que utilizamos no dia a dia: A Inteligência Fluída e a Inteligência Cristalizada. O mais interessante, é que elas podem ser aprimoradas e nos tornar mais inteligentes.

Inteligência fluída é aquela que flui independentemente de conhecimento prévio, por ex., quando entendemos  a relação entre conceitos, resolvemos problemas imediatos, damos um jeitinho para as coisas difíceis, agimos com esperteza, percebemos ou raciocinamos determinadas coisas do momento, etc.
Inteligência cristalizada seriam os “cristaizinhos” das experiências de vida armazenadas no cérebro que se conectam a outros formando grandes redes neurais de experiências, ou seja, nossas memórias prévias, conhecimentos antigos que foram “solidificados”, associados à lembranças guardadas pela vida toda, como a aprendizagem, habilidades específicas, talentos, compreensão do significado das coisas.

Em breves palavras, a inteligência fluida está relacionada à memória de curto prazo (informações imediatas que se armazenam por um curto espaço de tempo e podem se armazenar definitivamente ou não),  e a inteligência cristalizada está relacionada à memória de longo prazo (informações ou aprendizagem registradas permanentemente no córtex cerebral)

Pesquisas têm mostrado que podemos melhorar a inteligência fluida por meio do treinamento da memória de curto prazo, por ex., desafiando o cérebro não só com a leitura, mas também com a escrita, adquirir novas habilidades, novas amizades, fazer esporte, fazer coisas diferentes com as quais se está acostumado.

A melhoria da inteligência fluida pode se traduzir na melhora da inteligência geral. A inteligência geral é fundamental para resolver com sucesso os desejos, aspirações e idealismos da vida como desempenho pessoal, acadêmico e profissional.

Para Saber Mais:
Treinamento melhora inteligência fluida, que se acreditava ser fixa desde o nascimento
Por um cérebro melhor
15 maneiras cientificamente comprovadas de aumentar sua inteligência

 

A Escada da Vida

006 Portrait_aExperiência de vida é como subir uma escada: é muito difícil subir o próximo degrau sem ter passado pelo degrau anterior. Isso porque, para as experiências se armazenarem no cérebro, elas precisam se conectar a outras experiências pré-existentes (o “degrau” anterior), e ainda – aquelas experiências prévias devem estar relacionadas às novas que estão entrando no cérebro. Chamamos essas experiências de redes neuronais associativas. Da mesma forma acontece com centenas de bilhões de outras redes associativas. Por isso atuamos no ambiente de forma relativamente organizada para também manter a ordem no cérebro, por ex., ter uma carreira e uma vida pessoal adequada à forma como o cérebro constrói internamente aquelas experiências. Sair muito fora de nossas redes de experiências pode criar abismos na base e névoas no topo. Cada estímulo sensorial que percebemos no ambiente se acomoda em sua morada específica no cérebro, já traduzido na linguagem neural, e se conecta com os outros estímulos, e estes ficam coladinhos e prontos para serem ativados na medida em que vamos interagindo no ambiente. É por isso que somos capazes, por ex., de associar uma música a um evento prévio que contenha outros estímulos sensoriais. Nesse caso, um único estímulo, o som, ativa uma determinada rede que se formou porque ele estava conectado àquela rede.
Chegar ao topo da escada não significa chegar ao “topo” de nossos anseios e conquistas. O topo de uma escada é apenas a conquista de um andar. Cabe a nós decidirmos se queremos permanecer naquele andar ou continuar subindo para patamares mais elevados da vida. Para continuar “subindo”, o cérebro pede mais e mais conexões neurais que requerem muito esforço intelectual, emocional ou físico. Ter um cérebro cada vez mais rico em conexões nos capacita a atuar mais e melhor na sociedade. Só depende de nossas escolhas e nossas ações
.

A Subjetiva Interpretação na Comunicação

007_Portrait Surgery 02Por: Silvia Helena Cardoso

Este experimento demonstra um importante processo na comunicação humana. Ao descobrir, você se tornará mais consciente de que aquilo que você fala, nem sempre é exatamente o que a pessoa entendeu. Da mesma forma, quando alguém fala com você, sua compreensão sobre o que foi dito também pode ser subjetiva.

No experimento, uma pessoa, de um lado da mesa, constrói uma figura com formas geométricas e a descreve verbalmente para a outra que está do outro lado da mesa. O ouvinte tenta fazer a mesma figura sem ver o trabalho do outro. O resultado é que a construção da figura do ouvinte é bem diferente da pessoa que a fez e a descreveu (note no destaque que os desenhos são bem diferentes).

Evidencia-se com isso, que mesmo as simples palavras ou descrições podem significar coisas diferentes para cada um. Isso ocorre porque os processos mentais são únicos em cada indivíduo. Nossas experiências entram no cérebro e se armazenam na forma de redes neurais. Milhões dessas redes são associadas com outras experiências previamente armazenadas. Redes específicas em cada indivíduo podem ser ativadas quando se ouve o outro, seja por uma simples conversa, uma leitura, ouvir uma aula, ler uma postagem, etc. Aquela informação ou conhecimento que está entrando no cérebro pode se conectar com outras redes de experiências do indivíduo, então ele a interpreta da forma dele.

Este conhecimento nos faz pensar que, ao nos comunicar com alguém, temos que estar conscientes de que a pessoa terá a interpretação própria dela. Geralmente os entendimentos se coincidem, devido a educação e vivências semelhantes, mas muitas vezes não é o que ocorre, como por ex., devido à maturidade de um e de outro, à cultura, a processos mentais diferentes, como alta ou baixa auto-estima, etc. Daí surgem também as afinidades ou os conflitos, ou seja, por um lado certas pessoas “falam a mesma língua”; por outro, dependendo da forma de falar, o ouvinte pode se sentir ofendido, mesmo que não tenha havido intenção de quem falou.

Por isso, o mais adequado seria, em eventuais situações, perguntar ao ouvinte não somente se ele entendeu o que você quis dizer, como é bem comum atualmente, mas pedir para dizer o que ele entendeu sobre o que você disse.

Entendendo exatamente ou subjetivamente o que queremos dizer ao outro nos deixa conscientes da individualidade na compreensão de cada um. E também, nos ensina que precisamos tomar cuidado com as palavras para não causar má interpretação nos outros. Na dúvida, que usemos palavras gentis, delicadas e respeitosas na nossa forma de falar, em qualquer momento e em qualquer situação.

Janela Virtual: A Janela do Mal

001aPor Silvia Helena Cardoso

As bonecas de gesso que ficam debruçadas na janela principalmente em algumas casas e lojas do Nordeste e de Minas Gerais, onde foram criadas, têm um significado: é uma forma de eternizar o passado. Essas bonecas, que têm apenas meio corpo, são chamadas Namoradeiras. Antigamente as moças  interioranas não ficavam à mostra nas ruas, então se debruçavam na janela, olhando para a rua na esperança de encontrar um namorado. Bons tempos aqueles em que passava um ou outro pretendente que se engraçava com a moça e ia pedí-la em namoro, não para ela diretamente, mas para o pai, pois a educação era rígida. Eles se casavam, tinham filhos e viviam felizes para sempre.

Hoje as mulheres se debruçam em uma nova janela: a janela virtual de relacionamento social. Por essas janelas não passam apenas um ou outro pretendente, mas centenas ou milhares deles. É aí que reside uma grande ameaça às donzelas modernas que  buscam um parceiro para um relacionamento sério. Muitos desses homens sofrem de transtornos de personalidade, como o pior deles, a psicopatia, com características de comportamento antissocial, como predisposição à violência e ao crime, alta impulsividade, comportamento errático, dificuldade em manter relacionamentos. Para o psicopata o outro é “uma coisa”, um objeto de manipulação para utilidade própria, como no caso de seus desejos sexuais patológicos que incluem tortura, sadismo, atrocidade ou morte.

Um outro transtorno da personalidade, mais “leve”, mas também bastante destrutivo de relacionamentos, e muito mais comum e espalhado na sociedade e redes sociais é a sociopatia. As características dos sociopatas incluem a falta de empatia e de consideração com os sentimentos dos outros. Eles possuem um egocentrismo exagerado,  emoções superficiais, pouco controle da impulsividade, baixa tolerância para frustração, baixo limiar para descarga de agressão, ausência de  de remorso e de culpa. Essas pessoas geralmente são cínicas, incapazes de manter uma relação leal e duradoura, são manipuladoras, e incapazes de amar. Eles mentem exageradamente sem constrangimento ou vergonha, subestimam a insensatez das mentiras, abusam, trapaceiam, manipulam dolosamente seus familiares, colocam em risco a vida de outras pessoas e, decididamente, nunca são capazes de se corrigirem.  Quando os sociopatas descobrem que seu teatro já está descoberto, eles são capazes de dar a falsa impressão de arrependimento, mas nunca serão capazes de suprimir sua índole maldosa ou destruidora de pessoas. São mestres na capacidade de disfarçar de forma inteligente suas características de personalidade. Na vida social, o sociopata costuma ter um charme convincente e ser simpático com as outras pessoas. Eles não cometem crimes propriamente, mas podem deixar as pessoas com quem convivem arruinadas. Andam pela sociedade como predadores sociais, prejudicando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis, tirando proveito de interesses pessoais, inclusive financeiros.

Em uma comparação informal nesta questão do relacionamento, o psicopata seria um “monstro” e o sociopata seria um “cafajeste”. Mas em ambos há uma deficiência cerebral semelhante Uma delas é desconexão entre o córtex cerebral com o sistema límbico, ou seja, há uma falta de comunicação entre a razão e a emoção. Sem emoção, o raciocínio se torna frio e imoral.Há também a desativação dos neurônios-espelho, aqueles que se ativam no outro em situações de empatia.

Quantos psicopatas e sociopatas estão entre nós? Entre os psiquiatras, há consenso quanto a estimativas surpreendentes sobre esses transtornos de personalidade. “De 1% a 3% da população tem esse transtorno. Entre os presos, esse índice chega a 20%”. Isso significa que uma pessoa em cada 30 poderia ser diagnosticada com esses transtornos. Estima-se que haja 5 milhões de pessoas com esses transtornos só no Brasil, sem características violentas..

Você nunca pensou que entre seus “amigos”, um ou vários deles podem estar incluídos na sua rede social? A melhor forma de se prevenir de “monstros” e “cafajestes” é (mais uma vez) o Conhecimento! Conhecer as características deles e eliminar todos os suspeitos, um a um de seu grupo, e manter um grupo somente com pessoas conhecidas.

Fazendo assim, você, menina ou mulher, continuará debruçada em sua janela (virtual), mas por ela passarão apenas um ou outro pretendente, como acontecia com as namoradeiras de antigamente.

 

 

 

 

 

Os Perigos da Sedução

011bHá milênios os encantadores de serpentes, atuando geralmente na Índia e alguns países do Norte da África, manipulam as cobras com seus instrumentos de sopro, fazendo-as “dançar” no ar, como se estivessem hipnotizadas por aquele som. Entretanto, há uma inconsistência fisiológica nessa prática (enganosa): as cobras são surdas!

O que na verdade ocorre, é que, quando elas vêm algo ameaçador, saem do cesto  e se levantam em uma postura defensiva. O encantador então faz movimentos com a flauta e ela acompanha os movimentos com a cabeça, fazendo parecer que a cobra está dançando, hipnotizada pelo som do instrumento musical. Os encantadores também colocam urina de rato na ponta da flauta, de forma que a serpente o tateia com sua língua. Através da língua, esses répteis captam partículas de odor no ar, e os transmitem a um receptor sensorial chamado “órgão de Jacobson”, localizado no céu da boca.

Esse “jogo de sedução” que os encantadores de serpentes usam para atrair curiosos e ganhar algum dinheiro com isso, nos remete à práticas de sedução com as quais somos bombardeados constantemente em nossas vidas, desde casos amorosos, até anúncios na mídia, que muitas vezes nem queríamos para nós, mas fomos seduzidos pelos encantos que eles expressam.

A sedução tem dois lados: o sedutor, aquele que tem o poder de seduzir, e o seduzido, quem a ele se submete. Sedução significa atrair, encantar, persuadir alguém para interesses próprios, ainda que esses interesses possam corromper ou desrespeitar os princípios dos outros.

No relacionamento a dois, é comum um e até benéfico tentar seduzir o outro, mostrando o seu melhor. O mesmo ocorre com outras espécies animais. O problema é quando uma pessoa quer apenas “encantar” a outra, quando na verdade, ela tem apenas interesses sexuais ou financeiros,  como os sociopatas, ou outros oportunistas. É preciso ter muita cautela, discernimento e experiência própria (ou contada por outros, como aqui) para evitar essas pessoas e jamais ter a esperança de moldá-las, pois má fé e mau caráter é um problema moral que dificilmente é corrigido.

Na relação comercial, o perigo também ronda o tempo todo. Os anúncios geralmente giram em torno de atrair os consumidores. Muitas vezes apresentam em paralelo estímulos não relacionados ao produto, por ex., mulheres atraentes, para atrair o consumidor.

Uma pesquisa feita na Universidade da Califórnia de Los Angeles (ref. 2) demonstrou, por meio de estudos com imagens, que quando voluntários olhavam para imagens atraentes que apareciam ao lado de produtos a serem comercializados, inibiam a atividade cerebral responsável por tomadas de decisões racionais, como a inibição para comprá-los. Em outras palavras: imagens ou ações sedutoras desinibem o comportamento para o comportamento lógico-racional, predominando as ações emocionais, como faz o álcool no cérebro.

A melhor arma contra os “sedutores” é o Conhecimento. Conhecer suas intenções, concretamente ou intuitivamente, manterá a atividade cerebral racional vigilante desses interessados (ou interesseiros) em nós para benefício próprio.

Referências

  1. Por que as cobras projetam a língua para fora da boca?
  2. How Advertisements Seduce Your Brain

Um rio nunca é o mesmo. Nem o Homem.

003_Portrait 004Por: Silvia Helena Cardoso

Um rio pode ser plácido como a serenidade humana, ou agitado, como um homem em aflição. Homem e Natureza nunca são estáticos ou imutáveis, porque precisam ajustar seu curso de vida no tempo e no espaço de acordo com o que encontram no caminho.
Assim como a correnteza de um rio é um trecho em que as correntes de água correm mais rapidamente formando ondulações para lidar com um terreno acidentado, as emoções no Homem são também rápidas correntes – correntes eletroquímicas formando ondulações que correm no cérebro buscando a melhor maneira de sentir uma determinada ação ou situação no ambiente É desta forma que sentimos a ‘magia’ da alegria ou da tristeza quando sorrimos ou choramos, que sentimos o prazer indizível do encantamento quando nos deparamos com o belo ou com o terno, ou que sentimos a energia vibrante quando brincamos ou brigamos. Sentimos e agimos assim quando o momento nos pede para ser assim. Mas logo após voltamos à nossa arquitetura neural e comportamental “plácida”, porém, com uma diferença: não somos mais os mesmos que éramos antes de vivenciarmos e sentirmos aquelas experiências. As situações emocionais positivas ou negativas nos torna humanos mais experientes, mais sensíveis e mais inteligentes. As emoções permeiam as nossas memórias e nos motivam a repetir o que foi bom e nos alertam para evitar o que foi ruim. As emoções também tranquilizam e ponderam a razão e nos aconselham a nos desviar de terrenos acidentados e seguir por caminhos retos.
O filósofo grego Hieráclito disse: “O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem”. Um rio nunca é o mesmo, porque ele segue em direção ao seu curso predestinado. O Homem também segue em direção a um destino, mas ele tem uma grande diferença em relação ao rio: suas emoções, inteligência e experiências o capacita a decidir se ele quer aceitar um caminho predestinado ou se quer escolher seu próprio destino.

Uma Árvore Ferida

001 (Por: Silvia Helena Cardoso)

A abertura nessa impressionante sequóia de 100 metros de altura e 1000 anos de idade não é uma má formação dessa gigante velha senhora da Natureza. Esta árvore foi atingida por um raio durante uma forte tempestade, expondo o seu interior.
Uma árvore ferida! Perfurada por um agressivo elemento elétrico na atmosfera que descarregou nela sua ira, eletrizando-a e machucando seu coração. Mas ela sobreviveu. E tornou-se ainda mais forte e mais útil, pois a luz do agressor a abriu, e a partir de então a luz do sol diariamente tem penetrado naquela abertura, permitindo iluminar, abrigar, alimentar e aquecer os animais e a própria árvore.
Feridas na alma humana também são carregadas por “luz” e eletricidade quando um agressor também humano descarrega sobre aquela alma sua ira. Tempestades violentas desferidas pela mente de um geram raios destrutivos na mente do outro. Os circuitos neurais do agredido disparam correntes elétricas feito raios em um vôo desenfreado para outros circuitos na busca de abrigo e de alívio da dor. É justamente essa experiência dolorosa que ilumina mais a mente humana. Essa “iluminação” pode ser interpretaa como a ativação de redes neurais até então esquecidas, sendo possível por isso, enxergar novos caminhos e seguir por eles.

É quando modificamos nossos pensamentos e atitudes, por ex., quando nos recolhemos para dentro de nós mesmos, em silêncio, nos afastando daquilo que nos machuca; quando procuramos alguém que nos conforte; quando procuramos amar e ser amados, respeitar e ser respeitados, porque aquela experiência nos mostrou que deve ser assim. Isso nos torna seres melhores para nós mesmos e para o outro.
Uma ferida vegetal ou humana é dolorosa, mas será útil se a Natureza de ambas souberem adequá-la para benefício próprio e do outro.