Por Silvia Helena Cardoso
As bonecas de gesso que ficam debruçadas na janela principalmente em algumas casas e lojas do Nordeste e de Minas Gerais, onde foram criadas, têm um significado: é uma forma de eternizar o passado. Essas bonecas, que têm apenas meio corpo, são chamadas Namoradeiras. Antigamente as moças interioranas não ficavam à mostra nas ruas, então se debruçavam na janela, olhando para a rua na esperança de encontrar um namorado. Bons tempos aqueles em que passava um ou outro pretendente que se engraçava com a moça e ia pedí-la em namoro, não para ela diretamente, mas para o pai, pois a educação era rígida. Eles se casavam, tinham filhos e viviam felizes para sempre.
Hoje as mulheres se debruçam em uma nova janela: a janela virtual de relacionamento social. Por essas janelas não passam apenas um ou outro pretendente, mas centenas ou milhares deles. É aí que reside uma grande ameaça às donzelas modernas que buscam um parceiro para um relacionamento sério. Muitos desses homens sofrem de transtornos de personalidade, como o pior deles, a psicopatia, com características de comportamento antissocial, como predisposição à violência e ao crime, alta impulsividade, comportamento errático, dificuldade em manter relacionamentos. Para o psicopata o outro é “uma coisa”, um objeto de manipulação para utilidade própria, como no caso de seus desejos sexuais patológicos que incluem tortura, sadismo, atrocidade ou morte.
Um outro transtorno da personalidade, mais “leve”, mas também bastante destrutivo de relacionamentos, e muito mais comum e espalhado na sociedade e redes sociais é a sociopatia. As características dos sociopatas incluem a falta de empatia e de consideração com os sentimentos dos outros. Eles possuem um egocentrismo exagerado, emoções superficiais, pouco controle da impulsividade, baixa tolerância para frustração, baixo limiar para descarga de agressão, ausência de de remorso e de culpa. Essas pessoas geralmente são cínicas, incapazes de manter uma relação leal e duradoura, são manipuladoras, e incapazes de amar. Eles mentem exageradamente sem constrangimento ou vergonha, subestimam a insensatez das mentiras, abusam, trapaceiam, manipulam dolosamente seus familiares, colocam em risco a vida de outras pessoas e, decididamente, nunca são capazes de se corrigirem. Quando os sociopatas descobrem que seu teatro já está descoberto, eles são capazes de dar a falsa impressão de arrependimento, mas nunca serão capazes de suprimir sua índole maldosa ou destruidora de pessoas. São mestres na capacidade de disfarçar de forma inteligente suas características de personalidade. Na vida social, o sociopata costuma ter um charme convincente e ser simpático com as outras pessoas. Eles não cometem crimes propriamente, mas podem deixar as pessoas com quem convivem arruinadas. Andam pela sociedade como predadores sociais, prejudicando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis, tirando proveito de interesses pessoais, inclusive financeiros.
Em uma comparação informal nesta questão do relacionamento, o psicopata seria um “monstro” e o sociopata seria um “cafajeste”. Mas em ambos há uma deficiência cerebral semelhante Uma delas é desconexão entre o córtex cerebral com o sistema límbico, ou seja, há uma falta de comunicação entre a razão e a emoção. Sem emoção, o raciocínio se torna frio e imoral.Há também a desativação dos neurônios-espelho, aqueles que se ativam no outro em situações de empatia.
Quantos psicopatas e sociopatas estão entre nós? Entre os psiquiatras, há consenso quanto a estimativas surpreendentes sobre esses transtornos de personalidade. “De 1% a 3% da população tem esse transtorno. Entre os presos, esse índice chega a 20%”. Isso significa que uma pessoa em cada 30 poderia ser diagnosticada com esses transtornos. Estima-se que haja 5 milhões de pessoas com esses transtornos só no Brasil, sem características violentas..
Você nunca pensou que entre seus “amigos”, um ou vários deles podem estar incluídos na sua rede social? A melhor forma de se prevenir de “monstros” e “cafajestes” é (mais uma vez) o Conhecimento! Conhecer as características deles e eliminar todos os suspeitos, um a um de seu grupo, e manter um grupo somente com pessoas conhecidas.
Fazendo assim, você, menina ou mulher, continuará debruçada em sua janela (virtual), mas por ela passarão apenas um ou outro pretendente, como acontecia com as namoradeiras de antigamente.