A aura, conhecida como feixes de luz que envolve as pessoas, é usada para destacar figuras históricas espirituais, e usada também em processos de cura por místicos desde a Antiguidade.
Segundo diversas tradições esotéricas, a aura é um campo energético que envolve o corpo e oferece toda a leitura emocional dele. Ela tem até 7 faixas, cada uma de uma cor. Assim, de acordo com a crença, quando a pessoa está num bom estado de espírito, as cores da aura são bem vivas e fortes, e o contrário ocorre se o estado mental for ruim. É desta forma que os esotéricos lêem e interpretam o estado psíquico da pessoa e tentam curá-la por meio da alteração de cores desses feixes luminosos que as envolve.
Algumas pessoas esótericas, religiosas ou mesmo alguns poetas e artistas, de fato conseguem associar o ser humano a um campo de luz, mas esse fenômeno não tem nada a ver com “campo energético” ou com o mundo dos espíritos, Esta é uma condição neuropsicológica da própria pessoa que vê a aura, conhecida como Sinestesia (do grego syn-“junção” e -esthesia “sensação”), na qual a estimulação de uma via sensorial leva a experiências automáticas e involuntárias relacionadas à outra via sensorial, fazendo com que algumas pessoas por ex., “vejam” sons, “escutem” cores ou “saboreiem” formas. Pessoas que reportam estas experiências são conhecidas como sinestésicas. No caso da visualização da aura, olhar para o ser humano desencadeia no sinestésico a imagem mental de uma silhueta preenchida com cor.
Nem todos os curandeiros são sinestésicos, mas há uma elevada prevalência desse fenômeno entre eles.
Nestas pessoas, as regiões do cérebro responsáveis pelo processamento de cada estímulo sensorial são fortemente interconectadas, ou seja, eles têm mais conexões sinápticas do que as pessoas normais. Essas conexões extras fazem com que elas automaticamente estabeleçam associações entre áreas do cérebro que normalmente não são conectadas. A sinestesia ocorre quando redes nervosas de uma área sensorial “atravessam” outras áreas sensoriais, levando sinapses que normalmente estão contidas em uma área particular, cruzarem outro sistema sensorial. Por ex., em uma pessoa sinestésica, as células nervosas que carreiam som, podem terminar nas áreas visuais ou auditivas, fazendo com que uma rede sensorial se conecte com a outra, permitindo assim que o estímulo ambiental seja percebido de uma forma diferente.
O mais intrigante é que pessoas que vão nesses locais para se curarem, podem até conseguir melhorar seu estado físico e mental por um curto ou mesmo longo período de tempo. Mas os pesquisadores que estudaram sinestésicos que associavam faces conhecidas à feixes de luz, teorizam que estas habilidades de curandeiros faz com que eles tenham a capacidade de fazer com que as pessoas se sintam compreendidas e compreendam a sua dor, o que lhes proporciona uma emotividade especial, ou seja, há uma elevada empatia (a capacidade de sentir o que as outras pessoas estão sentindo) e isso contribui para a maior hipótese do efeito de cura nesses casos: um efeito placebo significativo.
Referência:
E.G. Milán, et cols. Auras in mysticism and synaesthesia: A comparison. Consciousness and Cognition, 2012; 21 (1): 258 DOI: 10.1016/