Há mais de 70 anos os produtores agrários têm desenvolvido e selecionado variedades de tomate com coloração verde-clara e uniforme antes do amadurecimento. Isto leva à produção de tomates maiores, mais bonitos e atraentes, com um amadurecimento e cor uniforme, e conseqüentemente com aumento das vendas, porém… com gosto de papelão!
O tomate, para manter seu sabor e elementos benéficos, necessita preservar sua concentração adequada de açucares e licopeno, substância carotenoide que produz a cor avermelhada. Isto ocorre devido à expressão do gene responsável pelo amadurecimento do tomate, que codifica um fator de transcrição denominado GLK2.
Esse fator, uma proteína que regula outros genes, aumenta a capacidade do fruto fazer fotossíntese, ajudando na produção de açúcares e de licopeno.
Um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos, Espanha e Argentina, identificou que produzir tomates com características mais atraentes, como o amadurecimento uniforme, leva a uma mutação, ou seja, à desativação do gene GLK2, implicando na redução no sabor do fruto e dos componentes que fazem bem à saúde, como o licopeno.
O resultado é que a produção com base no amadurecimento uniforme tem o efeito indesejado de promover o desenvolvimento inferior dos cloroplastos, que contêm a clorofila responsável por transformar energia solar em açúcar. Ou seja, com a perda nos cloroplastos, cai também a produção de ingredientes fundamentais para o sabor do fruto.
Os autores do estudo, publicado na revista Science, sugerem que a manipulação dos níveis de GLK os de seus padrões de expressão podem eventualmente ajudar na produção de tomates e de outros produtos agrícolas com melhor qualidade, que acabaram sendo afetados por desconhecimento (e ambição!) das novas gerações de produtores.
Referência
Uniform ripening Encodes a Golden 2-like Transcription Factor Regulating Tomato Fruit Chloroplast Development
Powell, A.L.T. et cols, Science, Junho, 2012