No Instituto de Química da UNICAMP, constatou-se um dado preocupante. Os pesquisadores desse Instituto, em colaboração com cinco universidades de outros estados, identificaram a presença de cafeína em todas as amostras coletadas no cavalete (cano de entrada) de residências espalhadas por todo o país.
Isso demonstra que os mananciais estão contaminados por esgoto e que as estações de tratamento não estão dando conta de remover este e outros produtos que chegam às torneiras das residências. Os pesquisadores afirmam que esse dado é relevante, pois a cafeína funciona como uma espécie de traçador da eficiência das estações de tratamento de água. Ou seja, onde a cafeína está presente, há grande probabilidade da presença de outros contaminantes.
E de fato, além de cafeína, os cientistas também encontraram nas amostras analisadas concentrações variadas de atrazina (herbicida), fenolftaleína (laxante) e triclosan (substância presente em produtos de higiene pessoal).
Há indícios de que certos contaminantes, especialmente hormônios naturais e sintéticos, como o estrógeno, podem provocar mudanças tanto na vida aquática quanto no sistema endócrino de homens e mulheres. Uma hipótese, que carece de maiores estudos, considera que esse tipo de contaminação poderia estar contribuindo para que a primeira menstruação ocorra cada vez mais cedo entre as meninas.
Esses dados chamaram a atenção não só da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, que em breve deverá formular uma proposta de melhor proteção da vida aquática, mas também das companhias de abastecimento e saneamento da água, como a SANASA e outras concessionárias do Estado de São Paulo, que demonstraram interesse em adotar novas tecnologias que possam reduzir a presença de contaminantes na água.
Felizmente, a dosagem desses contaminantes é muito baixa devido ao sistema de filtragem, senão estaríamos todos seriamente afetados por outros produtos que saem das excreções humanas e industriais, inclusive drogas como cocaína, maconha, anti-depressivos, etc. Mas há contaminantes mais sérios, como os metais pesados do próprio sistema de encanamento como o chumbo e o cádmio das tubulações. Por isso, a melhor opção por enquanto seria usar a água mineral, mas também observando sua procedência e níveis de acidêz, dosagem adequada de minerais como o sódio, etc. Para as torneiras, recomendo purificadores de água.
Mais uma vez a Ciência ilumina caminhos, neste caso, ilumina as tubulações da água, para constatar problemas e buscar soluções para melhorar a saúde e a vida como um todo dos seres humanos e outras espécies.
Local: Restaurante em Bruxelas, Bélgica.
Referência:
Potável, porém contaminada – http://www.unicamp.br/unicamp/ju/527/pot%C3%A1vel-por%C3%A9m-contaminada