Coluna: Café comCiência As boas – e as más – memórias de um café

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Sabemos como o café da manhã ou um simples cafezinho dão a sensação de prazer e bem estar para a maioria das pessoas.
Isso ocorre não somente pelo sabor desta bebida e dos alimentos relacionados. O café está associado aos bons momentos, especialmente os sociais, então ativa nossas memórias positivas, consciente ou inconscientemente. Ativa também um sistema cerebral chamado sistema de recompensa, que nos dá a sensação de prazer e bem estar. Para muitos, o simples aroma do café é o suficiente para causar ânimo, alegria e disposição. Para mim, o café me lembra os maravilhosos ou aconchegantes restaurantes de hotéis ou cafeterias em que estive pelo mundo, mas principalmente, me lembra os cafés das manhãs na roça, com minha família.
Assim como as experiências positivas passadas nos causam prazer e bem estar quando revivemos um momento similar a elas, as experiências negativas causam estresse, ansiedade, tristeza ou mesmo aversão. Provavelmente, alguém que tenha experimentado uma situação negativa ao tomar café, por ex., que tenha tomado café no velório de um parente querido, ou que um chefe ou colega tenham lhe agredido, poderá fazer essa pessoa ter aversão ao pobre do café que não tem nada a ver com isso… E aversão também por aquela pessoa, que provavelmente é uma boa pessoa, apenas foi mail educada ou intolerante naquele momento. Na verdade, foi a “situação” que envolvia o café, que foi representada negativamente no cérebro do indivíduo. Desta forma, alimentos, pessoas, cães, locais de acidentes, ou qualquer outro objeto que tenha estado presente em alguma experiência negativa, passará a ser encarado de forma negativa pelo sujeito. Em casos mais graves essas pessoas chegam a modificar o seu comportamento, comprometendo a vida social, afetiva e cognitiva. O comportamento se modificou porque a sua estrutural cerebral modificou. Nestes casos, é extremamente importante que a pessoa reconheça que existe um problema consigo mesma. Infelizmente, a maioria continua culpando o colega, a barata, o cão, etc., e não admite que o problema está dentro dela mesma… E continua sentindo medo, ansiedade, tristeza, mágoa, raiva. E esses sentimentos e emoções não são nada nada bons para o indivíduo, para a sua saúde e para o seu desempenho no cotidiano. Para isso, existem alguns tratamentos psicológicos muito efetivos, especialmente a Terapia Cognitiva Comportamental, que ajuda bastante a ressignificar as más experiências. Para os que têm dificuldade de encontrar bons profissionais nessa área em sua cidade, e forem auto didatas, podem começar a estudar essa terapia em livros e sites, e procurar aplicar aqueles conhecimentos em seu problema.
Uma estratégia do tratamento é procurar se reaproximar do estímulo aversivo e criar novas situações com ele.
Vale a pena tomarmos a iniciativa de rearranjar nosso cérebro e devolver-lhe ao seu delicado equilíbrio. Assim, um cafezinho ou um colega serão apenas um cafezinho ou um colega, em toda a sua essência, a espera de criar novas – e positivas – circunstâncias.

Coluna: Café comCiência – Bomba! Estamos aproveitando o cafezinho do outro – e de forma nada agradável.

005aNo Instituto de Química da UNICAMP, constatou-se um dado preocupante. Os pesquisadores desse Instituto, em colaboração com cinco universidades de outros estados, identificaram a presença de cafeína em todas as amostras coletadas no cavalete (cano de entrada) de residências espalhadas por todo o país.
Isso demonstra que os mananciais estão contaminados por esgoto e que as estações de tratamento não estão dando conta de remover este e outros produtos que chegam às torneiras das residências. Os pesquisadores afirmam que esse dado é relevante, pois a cafeína funciona como uma espécie de traçador da eficiência das estações de tratamento de água. Ou seja, onde a cafeína está presente, há grande probabilidade da presença de outros contaminantes.
E de fato, além de cafeína, os cientistas também encontraram nas amostras analisadas concentrações variadas de atrazina (herbicida), fenolftaleína (laxante) e triclosan (substância presente em produtos de higiene pessoal).
Há indícios de que certos contaminantes, especialmente hormônios naturais e sintéticos, como o estrógeno, podem provocar mudanças tanto na vida aquática quanto no sistema endócrino de homens e mulheres. Uma hipótese, que carece de maiores estudos, considera que esse tipo de contaminação poderia estar contribuindo para que a primeira menstruação ocorra cada vez mais cedo entre as meninas.
Esses dados chamaram a atenção não só da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, que em breve deverá formular uma proposta de melhor proteção da vida aquática, mas também das companhias de abastecimento e saneamento da água, como a SANASA e outras concessionárias do Estado de São Paulo, que demonstraram interesse em adotar novas tecnologias que possam reduzir a presença de contaminantes na água.
Felizmente, a dosagem desses contaminantes é muito baixa devido ao sistema de filtragem, senão estaríamos todos seriamente afetados por outros produtos que saem das excreções humanas e industriais, inclusive drogas como cocaína, maconha, anti-depressivos, etc. Mas há contaminantes mais sérios, como os metais pesados do próprio sistema de encanamento como o chumbo e o cádmio das tubulações. Por isso, a melhor opção por enquanto seria usar a água mineral, mas também observando sua procedência e níveis de acidêz, dosagem adequada de minerais como o sódio, etc. Para as torneiras, recomendo purificadores de água.
Mais uma vez a Ciência ilumina caminhos, neste caso, ilumina as tubulações da água, para constatar problemas e buscar soluções para melhorar a saúde e a vida como um todo dos seres humanos e outras espécies.

Local: Restaurante em Bruxelas, Bélgica.

Referência:
Potável, porém contaminada – http://www.unicamp.br/unicamp/ju/527/pot%C3%A1vel-por%C3%A9m-contaminada

Coluna Café comCiência: Qual é a melhor forma de preparar o café?

008aA forma como o café é preparado faz diferença na saúde. O preparo varia conforme a tradição de cada país ou mesmo em diferentes regiões do Brasil. As formas de preparo mais comuns são: café fervido (sem filtração do pó), filtrado (com filtro de papel), café à brasileira (filtro de pano ), café expresso e café instantâneo ou solúvel (por ex., o Nescafé).
Quando se fala em componente do café, pensa-se simplesmente na caféina. Mas o grão do café tem centenas de outros componentes, cada um interagindo em diferentes sistemas do organismo humano produzindo efeitos benéficos ou mesmo maléficos (talvez por isso haja tanta controvérsia na mídia sobre os efeitos do café na saúde).
Alguns dos componentes adicionais do café são o cafestol e o caveol, substâncias vegetais oleosas, que elevam os níveis de LDL, o colesterol ruim no sangue.
A água quente utilizada para o preparo remove dos grãos algumas dessas substâncias gordurosas. Os filtros de papel ajudam a reter o restante dessas substâncias, mas o coador de pano não. O café fervido sem o filtro de pó, como o café turco, café escandinavo e café francês, também não removem o cafestol e caveol, então são muito mais altos os teores dessas substâncias neste preparo. O café expresso está no meio termo. Então, para as pessoas que têm ou querem prevenir altos níveis de colesterol no sangue, é melhor preparar o café com filtro de pó.

Local: Restaurante do Hotel Bedford, Bruxelas, Bélgica.
Referência:
Cafestol, the Cholesterol-Raising Factor in Boiled Coffee, Suppresses Bile Acid Synthesis by Downregulation of Cholesterol 7α-Hydroxylase and Sterol 27-Hydroxylase in Rat Hepatocytes
http://atvb.ahajournals.org/content/17/11/3064.full