Há milênios os encantadores de serpentes, atuando geralmente na Índia e alguns países do Norte da África, manipulam as cobras com seus instrumentos de sopro, fazendo-as “dançar” no ar, como se estivessem hipnotizadas por aquele som. Entretanto, há uma inconsistência fisiológica nessa prática (enganosa): as cobras são surdas!
O que na verdade ocorre, é que, quando elas vêm algo ameaçador, saem do cesto e se levantam em uma postura defensiva. O encantador então faz movimentos com a flauta e ela acompanha os movimentos com a cabeça, fazendo parecer que a cobra está dançando, hipnotizada pelo som do instrumento musical. Os encantadores também colocam urina de rato na ponta da flauta, de forma que a serpente o tateia com sua língua. Através da língua, esses répteis captam partículas de odor no ar, e os transmitem a um receptor sensorial chamado “órgão de Jacobson”, localizado no céu da boca.
Esse “jogo de sedução” que os encantadores de serpentes usam para atrair curiosos e ganhar algum dinheiro com isso, nos remete à práticas de sedução com as quais somos bombardeados constantemente em nossas vidas, desde casos amorosos, até anúncios na mídia, que muitas vezes nem queríamos para nós, mas fomos seduzidos pelos encantos que eles expressam.
A sedução tem dois lados: o sedutor, aquele que tem o poder de seduzir, e o seduzido, quem a ele se submete. Sedução significa atrair, encantar, persuadir alguém para interesses próprios, ainda que esses interesses possam corromper ou desrespeitar os princípios dos outros.
No relacionamento a dois, é comum um e até benéfico tentar seduzir o outro, mostrando o seu melhor. O mesmo ocorre com outras espécies animais. O problema é quando uma pessoa quer apenas “encantar” a outra, quando na verdade, ela tem apenas interesses sexuais ou financeiros, como os sociopatas, ou outros oportunistas. É preciso ter muita cautela, discernimento e experiência própria (ou contada por outros, como aqui) para evitar essas pessoas e jamais ter a esperança de moldá-las, pois má fé e mau caráter é um problema moral que dificilmente é corrigido.
Na relação comercial, o perigo também ronda o tempo todo. Os anúncios geralmente giram em torno de atrair os consumidores. Muitas vezes apresentam em paralelo estímulos não relacionados ao produto, por ex., mulheres atraentes, para atrair o consumidor.
Uma pesquisa feita na Universidade da Califórnia de Los Angeles (ref. 2) demonstrou, por meio de estudos com imagens, que quando voluntários olhavam para imagens atraentes que apareciam ao lado de produtos a serem comercializados, inibiam a atividade cerebral responsável por tomadas de decisões racionais, como a inibição para comprá-los. Em outras palavras: imagens ou ações sedutoras desinibem o comportamento para o comportamento lógico-racional, predominando as ações emocionais, como faz o álcool no cérebro.
A melhor arma contra os “sedutores” é o Conhecimento. Conhecer suas intenções, concretamente ou intuitivamente, manterá a atividade cerebral racional vigilante desses interessados (ou interesseiros) em nós para benefício próprio.
Referências