A mais Poderosa Arma do Ser Humano

temp317bParece que René Magritte estava errado ao achar que uma imagem é só uma imagem, ao escrever em sua famosa obra pintada em 1928, com os dizeres abaixo da figura de um cachimbo “Ceci n’est pas une pipe” (este não é um cachimbo). Magritte explicou que a imagem, por ela mesma, não é um cachimbo. É apenas a imagem de um cachimbo. Ele mesmo reforçou isso em entrevistas sobre a obra: “Tente colocar tabaco aqui. Você não vai conseguir”.
O que Magritte não considerou, é o que se lê na recente imagem do cartunista aí ao lado: “Esta não é uma arma. É uma ferramenta de expressão”.

Esta “ferramenta de expressão” que produz imagem e palavras, é o que transfere ao mundo aquilo que nos faz unicamente humanos: a linguagem. A linguagem falada, escrita ou desenhada é a mais poderosa expressão da emoção e da inteligência humana. É por meio dela que comunicamos aos outros os nossos pensamentos, sentimentos e experiências.

A transferência da linguagem de um indivíduo ativa no outro redes de símbolos daquilo que o outro experimentou em vida e armazenou em seu cérebro com um significado próprio. Simbolos neurais interpretados do ambiente que não significam nada para uns, são altamente significativos para outros, por ex. Deus, Infiel, Fantasma, Satanás, Barata.

O mundo externo molda o mundo interno do ser. E as representações neurais daquelas experiências ficam tão absolutamente e fortemente conectadas, coladas, que muito dificilmente se soltam e vão formar outras representações com novos significados.

Infelizmente, há mentes más ou doentias, que, ao longo de toda a humanidade, se autodeclararam líderes e usaram a representação da linguagem para implantar na mente do outro suas ideologias deturpadas, formando assim movimentos de massa ou mesmo culturas e civilizações que foram condicionados a pensar como o maluco. Foi o que aconteceu com Hitler ou Stalin, por exemplo. Stalin aplicou técnicas de linguagem para recondicionamento de soldados e até publicou isso em um paper em 1950. Ele demonstrou a significância da linguística para a doutrinação em massa. Por ex., a palavra “Traidor” era repetidamente acompanhada por fortes estímulos negativos. Isso passou a provocar automaticamente sentimentos e reações de ódio nos soldados. Opiniões prontas transferidas mecanicamente ao outro, sem dar oportunidade à oposição, alcançam as células nervosas e implantam um padrão fixo de pensamento no cérebro. Essa técnica é popularmente conhecida como lavagem cerebral – a desconstrução de significados das coisas representadas no cérebro e reconstrução daquelas mesmas coisas com significados diferentes por meio de condicionamento de recompensa ou punição.

A tragédia recente que o mundo assistiu indignado como consequência de publicações de charges desrespeitosas, humilhantes, intolerantes e também extremistas com a crença dos outros, nos alerta que devemos ter mais cuidado com as palavras e as imagens. Em muitas situações, deveríamos manifestar nossos sentimentos em um papel (ou uma tela) em branco que também pode representar muito: o silêncio e a paz.

Je ne suis pas Charlie

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Eu não sou Charlie. A liberdade de expressão tem seus limites, mesmo nas democracias mais modernas. Fale ou escreva o que acha de alguém que errou, e poderá ser processado por calúnia, difamação ou danos morais. Repreenda um funcionário por mau comportamento e poderá ser processado por assédio moral. Insista ou exagere nos galanteios a uma mulher e poderá ser processado por assédio sexual. Use deliberadamente o texto ou imagem de outro sem as devidas citações, e poderá ser processado por apropriação indébita de propriedade autoral. Demonstre preconceito por raças e orientação sexual e poderá ser processado por racismo e homofobia.

Era isso que a Justiça da França deveria ter feito desde as primeiras publicações: processar a editora pelas charges da revista Charlie Hebdo (por sinal, charges de péssimo gosto, sem graça e realmente ofensivas às religiões, não só à muçulmana). Na época, diversas associações islâmicas e mesmo católicas e judaicas se sentiram ofendidas e decidiram processar a revista. Os tribunais franceses, entretanto, fortemente arraigados ao próprio preceito da cultura francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, garantem a liberdade de expressão, o que incentiva ainda mais a expressão de todo e qualquer pensamento. E deram ganho de causa para a revista.

Atacar um indivíduo, ou pior, uma cultura alheia mesmo sendo com canetas ou palavras, é sempre um ato impositivo e agressivo. Isso piora muito quando a cultura é baseada na religião. Na crença islâmica, há um preceito central que diz que o Profeta Maomé não pode ser retratado, de forma alguma. Desrespeitar isso desrespeita todos os muçulmanos. A maioria dos muçulmanos recebeu essa ofensa em silêncio ou buscou a Justiça. Mas os terroristas muçulmanos, em cujos cérebros foram feitas uma lavagem cerebral condicionando-os ao ódio, à vingança e a todo tipo de sujeira mental contra aqueles que desrespeitam suas crenças e o seu modo de vida, não pensam como pessoas normais e pacíficas. Então fica a pergunta: Para que incitar o ódio e a vingança nesse tipo tão perigoso de pessoa? Será que os ateus “livres”, intolerantes, xenofóbicos acham que podem expressar toda a sua liberdade de pensamento ou mesmo tentar mudar o pensamento de uma outra cultura com textos ou desenhinhos ofensivos? Será que querem impor a sua liberdade de expressão oprimindo a liberdade daquele que não pensa como ele? Quanto engano!

É desnecessário dizer aqui o óbvio: “condeno o terrorismo, nada justifica o assassinato por qualquer ação, blá blá blá”. Mas a conquista da paz se inicia com o respeito e compreensão ao modo de ser e de pensar do outro.

A morada dos feridos e inválidos da Guerra do séc XVI até hoje

003bPara onde iam os feridos ou inválidos das guerras? Onde estão as armas, vestimentas e os outros objetos das guerras? Onde foram sepultados vários dos grandes heróis de guerras, como Napoleão Bonaparte?
Tudo isso está aqui, no Hôtel des Invalides, ou Palácio dos Inválidos, um enorme monumento parisiense, cuja construção foi ordenada pelo rei Luís XIV, desde 1670, para dar abrigo aos inválidos dos seus exércitos. Hoje em dia, continua acolhendo os inválidos com alojamentos e com um grande hospital. É também uma necrópole militar e sede de vários museus.
No Invalides chegam diariamente caravanas de ônibus escolares com crianças que aprendem de forma marcante e inesquecível a história das guerras. Realmente, é importante conhecer desde criança os horrores e as consequências da guerra, como o nazismo, ou mais remotamente, a revolução francesa (1789-1799) que derrubou a monarquia absolutista, acabando com privilégios feudais, aristocráticos e religiosos em nome dos princípios reivindicados:Liberdade, Igualdade. Fraternidade. Se hoje desfrutamos desses princípios e ainda lutamos por eles, é porque alguém lá atrás sofreu, lutou, morreu ou se tornou um inválido para o resto da vida. O Palácio dos Invalides trás à tona a memória desse momento histórico e dos grandes heróis da guerra. Que tenhamos grande respeito, conhecimento e reconhecimento por quem lutou para chegarmos onde estamos hoje.

Local: Hôtel des Invalides, Paris
Foto: Renato Marcos Endrizzi Sabbatini

Aos apreciadores da arte, uma obra-prima do Realismo.

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Charles Herman consolidou sua reputação como grande artista com sua tela intitulada À l’aube (Ao amanhecer). A obra retrata um manisfesto das diferenças sociais, que foi considerado socialista e racista pelos críticos. O artista dividiu a tela em um grupo que representa a classe trabalhadora (à esquerda), com pessoas loiras, representadas pelos alemães. O outro grupo (à direita) com pessoas morenas, representando os latinos, conhecidos por seus cabelos escuros.
Ao amanhecer, enquanto os trabalhadores seguem para o trabalho, eles observam com ar de reprovação a sociedade burguesa com roupas luxuosas saindo de um baile, um local de diversão, prazeres e luxo. Duas mulheres bêbadas são amparadas por um homem também bêbado; estes estão alheios aos observadores. Contudo, o homem de casaco de pele saindo na porta parece estar consciente do confronto social.

O artista parece expressar o contraste entre o capitalismo e o socialismo.
Diferentemente do que ocorre no capitalismo, onde as desigualdades sociais são imensas, o socialismo é um modo de organização social no qual existe uma distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, com a finalidade de proporcionar a todos um modo de vida mais justo.
A idéia do socialismo seria maravilhosa, mas não é, porque a igualdade não existe como deveria. Os governantes não investem com competência e honestidade em sistemas públicos como moradia, saúde e educação. Então a solução para o cidadão ter algo melhor é esforçar-se para conseguir isso por conta própria, então ele vai aprimorar sua educação para poder atingir o objetivo da propriedade privada e tornar-se independente do governo.
Foto: Renato Marcos Endrizzi Sabbatini
Local: Royal Museum, Bruxelas

Benefícios cognitivos de interagir com a Natureza

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Caminhar é bom em qualquer lugar, mas caminhar na Natureza é ainda melhor. Um estudo comparou os efeitos restauradores da função cognitiva na interação com a Natureza versus na interação com ambientes urbanos. Campos e parques verdejantes oferecem uma explosão de estímulos prazerosos e belos, mostrando seu brilho, sons, cores e mesmo sabores. Isto dirige a atenção e concentração mais para as atividades de descanso e recuperação da mente, do que para as do corpo, ao contrário do que quando se está em um ambiente urbano (ou na esteira), onde se tem que ter uma dramática atenção voltada para a ‘sobrevivência’, como evitar cair, ser atropelado por um carro, ser roubado, etc, e isto compromete os processos de restauração cognitiva.
Referência:
The Cognitive Benefits of Interacting With Nature
http://pss.sagepub.com/content/19/12/1207

Local: Jardim do Palácio de Versailles, França.

Coluna: Café comCiência Os amargos efeitos do açúcar no corpo e cérebro

012dDoces. Ahh, os doces, essas coisinhas deliciosas e tentadoras que levam a um prazer momentâneo, mas que depois causam culpa porque pesam no corpo e na consciência… Muitas pessoas não conseguem resistir aos doces. Por que? Porque se tornaram viciadas! Várias pesquisas constataram que esta compulsão pode ser considerada tão séria e tão forte quanto o vício em álcool e drogas. A compulsão surge porque após ingerir um doce, o cérebro libera dopamina e endorfinas no cérebro, que são substâncias químicas naturais que dão a sensação de imenso prazer. Ao reconhecer esta sensação boa, o cérebro começa a pedir mais e mais dessas substâncias e, consequentemente, açúcar. Esse mecanismo é o mesmo que as áreas ativadas pelo vício em drogas.
Algumas dicas para controlar a compulsão por doces
– Ter um café da manhã equilibrado com proteínas, carboidratos e gordura. Um estudo (veja referência 2, abaixo) descobriu que o café da manhã aumenta substâncias químicas envolvidas na regulação de ingestão de alimentos.
– Evitar alimentos industrializados que contenham açúcar e farinha refinada; ingerir alimentos que contenham proteínas e  fibras, como grãos integrais e verduras, que causam mais saciedade e diminuem a compulsão por doces;
– Beber mais água, porque o cérebro confunde desidratação com fome;
– Descarte a sobremesa por três semanas para readaptar o paladar e diminuir a compulsão;
–  Pode ser útil a suplementação de alguns nutrientes, como glutamina e vit A e C, que diminuem o vício por doces.
O excesso ou compulsão por doces seguramente não é saudável. Ao ingerir doces, o açúcar entra no sangue, elevando os níveis de glicose e estimulando o pâncreas a produzir e liberar insulina, que converte a glicose em energia e em estoques de gordura. Mas além de obesidade, os doces também são ligados a outras doenças sérias, como diabetes, depressão do sistema imunológico,  alterações de humor, cáries e vários outros. É preciso força de vontade e consciência dos malefícios do açúcar para controlar o exagero pelo doce.

Local: Cafeteria na Galeria Lafayete, Paris

Referências:
1. Evidence for sugar addiction: Behavioral and neurochemical effects of intermittent, excessive sugar intake
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2235907/
2. Eating Breakfast Increases Brain Chemical Involved in Regulating Food Intake and Cravings, MU Researchers Find
http://munews.missouri.edu/news-releases/2014/1015-eating-breakfast-increases-brain-chemical-involved-in-regulating-food-intake-and-cravings-mu-researchers-find/

Perdão: a Grandeza de uma Atitude

temp301A semana passada fui convidada para dar uma palestra em um congresso de Neurociências. Nestes casos, busco suporte para as coisas que vou falar, então recorro primeiramente ao meu “Baú da Ciência”, termo que uso para uma grande caixa onde guardo papers científicos, cadernos, blocos de anotações, vídeos, etc desde o início de minha carreira, que foi há mais de 20 anos.

Para minha agradável surpresa, encontrei uma pequena anotação – muito reflexiva e profunda – em um papel já velho e amarelado de uma palestra que assisti em 1995 de um neuropsiquiatra na Universidade da California de Los Angeles, EUA, chamada: Neural Correlates of Forgiveness (Correlatos Neurais do Perdão). Na anotação feita por mim, constava essa frase do palestrante:“O perdão enfrenta uma mancha obscura em nossa vida que se chama orgulho. Para que o perdão transpareça, o orgulho precisa ser abafado. O perdão não muda o passado, mas melhora o futuro. O elixir para a saúde cognitiva e emocional é o sentimento do perdão. Ele suavisa o espírito, trás serenidade nas emoções e clareza no pensamento. Perdoar é lembrar sem rancor. É preciso perdoar, porque nenhum de nós é perfeito. Alguém tem queixa de mim, eu tenho queixa de alguém”.

O palestrante conduziu a palestra no sentido de mostrar que o perdão é um processo emocional e cognitivo que erradica a hostilidade, a ruminação e os efeitos adversos na saúde. O afeto negativo e estresse emocional crônico estimulam a produção de hormônios relacionados ao estresse, como o cortisol, que é um “veneno” para o corpo, principalmente para o coração, pois altera a reatividade cardiovascular, diminuem a qualidade do sono, promovem queda de cabelo, e está associado também com o desenvolvimento de condições clínicas como a depressão. Por outro lado, o perdão gera vários benefícios como bem estar, paz interior, saúde cardiovascular e até aumenta a longevidade, de acordo com estudos recentes (ref 2).
A parte do cérebro associada em resolver a raiva, é a mesma que envolve a empatia e a regulação das emoções. Pesquisas mostram que existe um fundamento neural para a idéia de que resolver conflitos é bom para o cérebro e resulta em estados emocionais positivos (ref 1).
É importante diferenciar “perdão” de “reconciliação”. Você pode perdoar alguém que o (a) feriu, mas não precisa reparar e recomeçar a relação com aquela pessoa. Pode ser até mais benéfico perdoar o ofensor e simultaneamente encerrar a relação, mas sem jamais perder o respeito e a gentileza por ele, um tratamento convencional social esperado por qualquer pessoa educada.
Hoje, através de modernos estudos com imagens cerebrais, já se pode hipotetizar que o perdão é capaz de inibir regiões do cérebro responsáveis por gerar reações agressivas ou de ressentimentos em resposta a ofensas pessoais. Este processo recruta áreas do cortex pré-frontal, conhecidas por modular o comportamento agressivo (ref 1).
Que bom saber que nosso cérebro é equipado com a neuroqímica da paz. Felizmente, a todo momento, nós, pessoas pacíficas, a usamos. Mas o grande desafio e sabedoria é saber usá-la nos momentos críticos. Ao contrário do que pensam os orgulhosos e rancorosos, o perdão não é uma fraqueza ou uma reconciliação não pretendida, mas um ato de grandeza para si mesmo e para o próximo que somente pessoas fortes e suficientemente amadurecidas estão aptas a praticar.
Referências:
1. How the brain heals emotional wounds: the functional neuroanatomy of forgiveness
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3856773/
2. How Does the Brain Process Forgiveness?
http://spiritualityhealth.com/articles/how-does-brain-process-forgiveness

 

Um restaurante que mais parece um palácio, em uma…estação de trem!!

005fLe Train Bleu é um dos mais belos restaurantes da Europa, e está localizado em Paris, na famosa estação conhecida como Gare de Lyon.
Como é que um restaurante tão suntuoso poderia estar em uma estação de trem?
Para entender, transporte-se para a Paris do final de 1800 até a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914. Este foi um período com forte expressão intelectual e artística, a era de ouro da beleza, inovação e paz entre os países europeus. Novas invenções tornavam a vida mais fácil em todos os níveis sociais, e a cena cultural estava em efervescência: os cabarés, o cancan, e o cinema haviam nascido, e a arte tomava novas formas com o Impressionismo e a Art Nouveau. Foi uma época marcada por profundas transformações culturais que se traduziram em novos modos de pensar e viver o cotidiano.
Essa época incentivou também o desenvolvimento dos meios de transporte, que aproximou ainda mais as principais cidades do planeta. Em 1886 começou a operar o Le Train Bleu, um luxuoso trem expresso noturno (assim chamado por ter as alas dos vagões de dormir de cor azul), que ganhou fama internacional por ser o preferido de aristocratas europeus; alguns deles faziam a linha para a Riviera francesa para passar as férias.
Sendo assim, construir um restaurante grandioso numa estação de trem não era assim tão fora de propósito.

 

Coluna: Café comCiência As boas – e as más – memórias de um café

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Sabemos como o café da manhã ou um simples cafezinho dão a sensação de prazer e bem estar para a maioria das pessoas.
Isso ocorre não somente pelo sabor desta bebida e dos alimentos relacionados. O café está associado aos bons momentos, especialmente os sociais, então ativa nossas memórias positivas, consciente ou inconscientemente. Ativa também um sistema cerebral chamado sistema de recompensa, que nos dá a sensação de prazer e bem estar. Para muitos, o simples aroma do café é o suficiente para causar ânimo, alegria e disposição. Para mim, o café me lembra os maravilhosos ou aconchegantes restaurantes de hotéis ou cafeterias em que estive pelo mundo, mas principalmente, me lembra os cafés das manhãs na roça, com minha família.
Assim como as experiências positivas passadas nos causam prazer e bem estar quando revivemos um momento similar a elas, as experiências negativas causam estresse, ansiedade, tristeza ou mesmo aversão. Provavelmente, alguém que tenha experimentado uma situação negativa ao tomar café, por ex., que tenha tomado café no velório de um parente querido, ou que um chefe ou colega tenham lhe agredido, poderá fazer essa pessoa ter aversão ao pobre do café que não tem nada a ver com isso… E aversão também por aquela pessoa, que provavelmente é uma boa pessoa, apenas foi mail educada ou intolerante naquele momento. Na verdade, foi a “situação” que envolvia o café, que foi representada negativamente no cérebro do indivíduo. Desta forma, alimentos, pessoas, cães, locais de acidentes, ou qualquer outro objeto que tenha estado presente em alguma experiência negativa, passará a ser encarado de forma negativa pelo sujeito. Em casos mais graves essas pessoas chegam a modificar o seu comportamento, comprometendo a vida social, afetiva e cognitiva. O comportamento se modificou porque a sua estrutural cerebral modificou. Nestes casos, é extremamente importante que a pessoa reconheça que existe um problema consigo mesma. Infelizmente, a maioria continua culpando o colega, a barata, o cão, etc., e não admite que o problema está dentro dela mesma… E continua sentindo medo, ansiedade, tristeza, mágoa, raiva. E esses sentimentos e emoções não são nada nada bons para o indivíduo, para a sua saúde e para o seu desempenho no cotidiano. Para isso, existem alguns tratamentos psicológicos muito efetivos, especialmente a Terapia Cognitiva Comportamental, que ajuda bastante a ressignificar as más experiências. Para os que têm dificuldade de encontrar bons profissionais nessa área em sua cidade, e forem auto didatas, podem começar a estudar essa terapia em livros e sites, e procurar aplicar aqueles conhecimentos em seu problema.
Uma estratégia do tratamento é procurar se reaproximar do estímulo aversivo e criar novas situações com ele.
Vale a pena tomarmos a iniciativa de rearranjar nosso cérebro e devolver-lhe ao seu delicado equilíbrio. Assim, um cafezinho ou um colega serão apenas um cafezinho ou um colega, em toda a sua essência, a espera de criar novas – e positivas – circunstâncias.

Livro: A Mente Vencendo o Humor

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Do título original: Mind Over Humor (A Razão Dominando a Emoção).
Autores: Dennis Greenberger e Christine A. Padesky

Este é um manual que mostra como a Terapia Cognitiva – uma forma de psicoterapia – pode melhorar a vida da pessoa. Mudando a forma como você se sente, você é capaz de mudar a forma como pensa, Folhas de exercícios tipo ‘passo a passo’ buscam ensinar habilidades específicas a fim de ajudar pessoas a vencer problemas de relacionamento, raiva, culpa, vergonha, baixa auto-estima, bem como os distúrbios mentais como a depressão, ataques de pânico, ansiedade, transtornos alimentares, abuso de substâncias e outros.

O cérebro humano se molda de acordo com os sentimentos de cada um sobre as situações da vida. Situações que podem ser inatingíveis e insignificantes para uns, por exemplo, ter medo de barata ou ser humilhado por alguém, podem ser extremamente perturbadoras para outros. Então, dependendo dos sentimentos, a pessoa terá uma configuração de seus pensamentos e expressará isso em seus comportamentos e atitudes. É claro que é muito melhor ter sentimentos positivos pelas coisas. Felizmente, a estrutura cerebral humana é flexível, sendo capaz de remodelar positivamente aquela circuitaria negativa que foi formada sobre determinada situação. Para tanto, é necessário aprender a mudar os sentimentos para poder dar um novo significado àquela configuração neural. Por isso, depende de cada um decidir como quer se sentir e se comportar diante das pessoas e das situações da vida, mesmo nas (subjetivamente) mais delicadas. Do título original: Mind Over Humor (A Razão Dominando a Emoção).

Local: Livraria do Museu D’Orsay, Paris.